Brasil ultrapassa 250 mil mortos pela covid-19. E quantos são os negros?
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- fevereiro 25, 2021
O Brasil superou nesta quarta-feira (24/02) a triste marca de 250 mil mortos pela covid-19. Apesar do silenciamento dos órgãos públicos e da mídia, a população negra é a mais afetada em números de morte, de acordo com último em 2020. O número de casos confirmados da doença no país está em 10,3 milhões e são registrados dois dias antes de o país completar um ano da identificação do primeiro caso da doença, mas pode ser ainda mais expressivo segundo autoridades e instituições de saúde que alertam a falta de testagem em larga escala e subnotificação.
De acordo com o levantamento do consórcio da imprensa brasileira composto por O Globo, Extra, G1, Folha de S. Paulo, UOL e O Estado de S. Paulo, foram registradas 1.390 mortes até as 18h18 da última quarta. Com isto, 250.036 óbitos de cidadãos brasileiros são totalizados. Os dados são extraídos e somados a partir de informações de secretarias estaduais de Saúde.
A quantidade é divergente da informada pelo Ministério da Saúde e pelo Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass), que afirmou 1.428 mil novas mortes nesta quarta e 249.957 óbitos acumulados. Os números variam devido ao horário de coleta de dados, além de problemas na divulgação.
No ano passado, outro levantamento preocupante foi realizado. De acordo com a ONG Instituto Polis, homens negros são os que mais morrem pela covid-19 no país, sendo 250 óbitos pela doença a cada 100 mil habitantes, enquanto brancos, são 157 mortes a cada 100 mil, considerando casos da cidade de São Paulo entre 01 de março e 31 de julho.
Entre as mulheres, as que têm a pele preta também morreram mais, 140 mortes por 100 mil habitantes, contra 85 por 100 mil entre as brancas.
Outras autoridades do município de São Paulo também anunciaram que as taxas de mortalidade eram mais altas entre os negros. Dados coletados em maio por pesquisadores independentes para mais de 5.500 municípios mostram que 55% dos pacientes negros, hospitalizados com covid-19 em estado grave, morreram em comparação com 34% dos pacientes brancos.
Em abril, o Ministério da Saúde já havia apontado altas taxas de mortalidade por covid-19 entre os negros.
Dados do IBGE divulgados em novembro do ano passado, apontou que mulheres, negros e pobres são os mais afetados pela doença. A cada dez pessoas que relatam mais de um sintoma, sete são pretas ou pardas.
Pior momento
A marca de 250 mil mortos foi atingida no pior cenário da pandemia no Brasil, enquanto o número diário de vítimas pela doença não acompanha a tendência de queda de outros países, como os Estados Unidos, Reino Unido e México.
A estatística aponta que esta pode ser a sexta semana seguida com mais de 7 mil mortes, superando o primeiro pico da covid-19, ocorrido em julho do ano passado.
A situação é atribuída por especialistas às novas variantes mais contagiosas e ao relaxamento do distanciamento social necessário para conter a propagação. A baixa velocidade da campanha de vacinação que proporcionalmente também atinge a população negra, já que os brasileiros negros vivem em média 73 anos e não tem participação expressiva em profissões na área da Saúde, pode ser um agravante pois alcançou menos 3% da população geral.
Em números absolutos, no mundo, o Brasil é o terceiro país com mais registros de infecções, atrás apenas dos Estados Unidos, que somam mais de 28,2 milhões de casos, e da Índia, com 11 milhões. Em número de mortos, entretanto, é o segundo, já que mais de 502 mil pessoas morreram nos EUA.
Brasil e EUA
O Brasil e os Estados Unidos têm muito em comum quando se trata do coronavírus. O poder público máximo dos dois países em 2020 compartilhavam de opiniões similares sobre a como administrar a pandemia. Em ambos os países, o vírus está afetando desproporcionalmente a população negra, resultado do racismo estrutural.
Pesquisadores de saúde pública pontuam também que o próprio racismo causa um forte impacto físico sobre os negros. Estudos nos Estados Unidos demonstram que as experiências diárias de racismo e discriminação podem levar a índices altos de hormônios do estresse e diminuir a capacidade do corpo de combater doenças, e consequentemente, a infecção pelo coronavírus.
O governo federal do Brasil não exigiu a coleta de dados raciais para os casos de COVID-19 no início dos casos, realizando somente após pressão de movimentos negros, entidades de classe e associação cientifica.
No mundo, ao todo mais de 112 milhões de pessoas já contraíram o coronavírus no e 2,49 milhões morreram.
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