Casa do Hip-Hop da Bahia será inaugurada, depois de 17 anos de reivindicação
As primeiras reivindicações do movimento hip-hop local datam de 2004. O projeto, ainda com outro nome, passou a ser discutido em espaços do Legislativo e conferências com participação popular. Inauguração acontece no Dia Mundial do Hip-Hop
Depois de 17 anos de reivindicação, a Casa do Hip-Hop da Bahia será inaugurada, em Salvador, no próximo dia 12 de novembro, Dia Mundial do Hip-Hop, apenas para convidados. Localizada no centro histórico da cidade, a Casa do Hip-Hop agregará formação, inovação e arte-educação, no melhor estilo do quinto elemento do Hip-Hop: o Conhecimento.
No local, estarão à disposição dos adeptos do estilo, estúdio multimídia, sala multiúso para palestras e reuniões, um espaço de coworking com exposição de livros, uma loja colaborativa, um memorial da cultura hip-hop baiana e uma área externa para eventos de pequeno porte.
Em conversa com a Revista Raça, o idealizador do projeto, DJ Branco, fez um relato sobre o trabalho realizado para que o espaço pudesse se tornar uma realidade.
Quando e como surgiu a ideia de montar uma casa do hip-hop?
O projeto vem sendo discutido há bastante tempo entre a articulação Salvador/Lauro de Freitas. Em 24 de setembro de 2004 foi realizada uma Sessão Especial na Câmara de Vereadores para apresentação do projeto da casa que na época se chamava Casa Rede Aiyê Hip-Hop. A partir desse momento, iniciamos um diálogo com o poder público para a consolidação desse espaço. A Casa foi defendida em espaços públicos como, a Conferência Nacional da Juventude em 2004, a Conferência Municipal de Juventude em 2005 e aprovada na Conferência Municipal e Estadual de Políticas de Promoção da Igualdade Racial em 2005, entrando nos planos de cada evento no segmento cultural.
Quais foram os principais desafios encontrados para que a Casa do Hip-Hop da Bahia pudesse ser uma realidade?
O principal desafio foi fazer as instituições entenderem a importância desse projeto. Na época foram muitas promessas feitas e nada concretizado.
Como a Casa se insere e pretende impulsionar o hip-hop na Bahia?
Temos parcerias com militantes e artistas representantes de várias cidades da Bahia. A Casa servirá como um espaço de intercâmbio para os artistas e não só para apresentações culturais, mas também para o aperfeiçoamento de técnicas a partir das ações que serão realizadas. Para isso, estamos buscando parcerias com a iniciativa pública e privada. A Casa também será um espaço de articulação da juventude negra.
A Casa do Hip-Hop de Diadema ou outras instituições serviram de modelo e referência para a Casa do Hip-Hop da Bahia?
A Casa do Hip-Hop de Diadema sempre foi nossa referência. No início desse projeto dialogamos muito com o King Nino Brown e até trouxemos ele para Salvador para a Sessão Especial que aconteceu na Câmara Municipal, para falar da importância da Casa do Hip-Hop. Graças a Casa do Hip-Hop de Diadema, hoje no Brasil, existem quase 20 casas da cultura Hip-Hop.
O que a Casa vai oferecer a partir da inauguração?
A Casa do Hip-Hop Bahia será um polo de formação e produção cultural, uma incubadora de processos artísticos e criativos que vai trabalhar com arte-educação, empreendedorismo, tecnologia da informação e inovação. Logo após a inauguração vamos oferecer oficinas DJ, Breakdance, elaboração de projetos, pequenas mostras culturais, entre outras ações.
A Casa será administrada por quem?
O uso do imóvel é resultado de uma concessão pública pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), unidade vinculada à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Mas, a Casa será coordenada e administrada pela CMA HIP HOP – Comunicação, Militância e Atitude Hip-Hop.
Foto: Na Missão.