Clube de handebol denuncia racismo em torneio
Um feito inédito realizado pelo Herkules, clube de handebol de Guarulhos, São Paulo, foi manchado por casos de racismo e xenofobia sofridos pelo elenco da categoria sub-15 de handebol de grama durante o Mundial de Clubes Partille Cup.
O torneio, que acabou com a conquista do clube brasileiro, sendo o primeiro clube da América do Sul a ocupar o lugar mais alto do pódio, teve registrados casos de racismo contra o goleiro Gabriel Ferreira, que foi chamado de macaco por adversários de categorias de idade acima da sua: “Tinha um pessoal que joga nesse time (os adversários), porém eles eram mais velhos, do sub-16. Eles estavam atrás do meu gol e me tirando a atenção, mas eu não estava dando bola. Até que um menino passou mais perto de mim disse “Monkey, monkey (macaco em inglês)” e começou a imitar um macaco. Foi nessa hora que parei o jogo chamei o meu técnico. Fomos atrás, conversamos com o técnico do menino para e explicar a situação, porém não aconteceu nada. Ele foi embora, continuamos o jogo e conseguimos ganhar. Eu joguei o restante da partida chorando muito. Aquilo me entristeceu muito, sabe, por conta das palavras do menino eu fiquei sem chão na hora. Para ser sincero, minhas forças foi por conta de estar bravo e soltei tudo na quadra. Inclusive, depois da partida, um menino do time adversário desse jogo me mandou mensagem pedindo desculpas pelo garoto mais velho do time”.
Durante a competição, que abrangia categorias desde garotos dos 6 aos 18 anos de idade, outros casos foram registrados, como conta Debora Suzuki, diretora do projeto: “Logo que a gente chegou, os meninos alemães estavam conversando e perguntaram ‘Como é que vocês chegaram aqui?’. E os nossos meninos responderam: ‘A gente veio de avião’. E eles falaram assim: ‘E tem avião no Brasil? Pensei que chegariam de cipó’. (…) Um alemão, que estava no mesmo alojamento, tirou um dos nossos meninos que estavam tomando banho no vestiário. Ele empurrou o menino e falou ‘Sai daqui’ no sentido de você é brasileiro, você fica para depois, a gente vai tomar banho primeiro. Fez isso com um dos meninos nossos que eram menores. Menores no sentido, de 13 anos e ele tinha em torno de 16, 17 anos”.
A Partille Cup, que é realizada na Suécia, é a maior competição de base do mundo, contando com mais de mil equipes de 30 países diferentes.
Fonte: Ge.globo