Entrevista com a cantora Grazzi Brasil
Leia trechos da entrevista que a cantora Grazzi Brasil deu à Raça
TEXTO: Iuri Ribeiro | FOTO: Jonatas Mateus/Divulgação | Adaptação web: David Pereira
Cantora desde os 13 anos de idade e mãe com 16, Graziele Raquel da Silva Santos enfrenta e concilia desde cedo os desafios destas duas difíceis empreitadas. Hoje, aos 26 anos, Grazzi Brasil já lançou seu segundo álbum, Samba Popular Brasileiro, no qual procura mesclar as raízes da música brasileira a sua juventude. “Nesse trabalho, busco pegar tanto o que é da raiz quanto o que é atual, afinal sou uma pessoa jovem.”
A menina do Jardim Bonfiglioli descobriu que era cantora aos 10 anos, na quadra da Universidade de São Paulo. Cantava baixinho enquanto esperava o início de sua aula de basquete e, quando percebeu, estava sendo assistida por todos. “Ali eu percebi que estava no lugar errado”, conta. De fato, não demorou muito para que Grazzi trocasse definitivamente a bola de basquete pelo microfone. Começou profissionalmente aos 13 anos, com o grupo de samba-rock Blackzuka, depois de uma infância embalada por Bebeto e Jorge Ben. Passou 9 anos com a banda e carrega até hoje o samba-rock em seu modo de cantar.
Fã de Chico Buarque e inspirada em Elis Regina, a cantora paulistana mostraversatilidade interpretando obras de compositores consagrados da música popular brasileira e de jovens compositores, com repertório que passeia por samba, MPB, samba-rock e soul. Igualmente eclético, seu disco de estreia, “Nas Cordas de um Cavaquinho”, lançado no ano passado, conta com influência de diversos ritmos e estilos musicais, como a cantora faz questão de ressaltar. “Tem um pouco de MPB, tem samba, tem rap, enfim, tem o que é bom, o que eu gosto.”
Nas próximas linhas, Grazzi Brasil fala um pouco sobre sua trajetória, sobre suas participações nos programas Astros, do SBT e Ídolos, da Record e das duas importantes lições que esses concursos lhe renderam.
Como foi seu primeiro contato com a música?
Na verdade, pode parecer meio cliché, mas eu sempre soube que queria cantar. A primeira vez que me ouviram cantando eu tinha 10 anos. Eu fazia basquete na USP e o treino não começava porque eu cantava, bem baixinho. Ali eu percebi que estava no lugar errado.
Em casa você já tinha influências musicais?
Já. Cresci ouvindo Jorge Ben, Bebeto e essa turma, com a minha mãe. Ela gostava e eu cresci ouvindo, não tinha como não gostar.
Como foi conciliar a maternidade com a carreira de cantora?
É claro que aconteceram algumas pausas. Eu fiquei meio envergonhada quando fiquei grávida, pela minha idade. Dei uma parada. Teve uma época em que tive que trabalhar em loja, mas nunca abandonei a música. Houve uma pausa, com certeza, pois eu morava com a minha mãe e cinco irmãos, além da minha filha. O pai da minha filha é minha mãe. Então ela dizia: “Você tem que trabalhar, vai ficar cantando?”. Porque até entrar uma grana na música demora um pouco.
Você participou dos programas Astros, do SBT, e Ídolos, da Record. Como foram essas participações e que impacto tiveram em sua carreira.
Em 2008, participei do Astros e também do Ídolos. No Astros, fiquei entre os 9 finalistas, mas não ganhei. Depois, participei do Ídolos e, de 30 mil pessoas, fiquei entre as 15 melhores. Em 2010, participei do Ídolos de novo e, de 43 mil participantes, fiquei entre os 30 melhores. Sinceramente, o Ídolos só me trouxe a experiência de que, às vezes, é melhor você ir caminhando devagar pra chegar lá. Me ensinou também que cada um tem seu talento e que esse negócio de competição na música não combina.
Por que Grazzi Brasil?
Com 17 anos, fui fazer uma gravação em um estúdio. Durante a gravação, um senhor chamado Cristóvão ficou observando meu modo de cantar, interpretar, e entrou em estado de euforia. Ele ficou muito empolgado e, logo depois que terminei a gravação, veio conversar comigo. Me elogiou e me desejou sucesso. Foi como se ele profetizasse minha trajetória artística dali pra frente. Me sugeriu o nome Grazzi Brasil para que, em outros países, as pessoas pudessem logo entender que sou uma cantora brasileira e que cantaria músicas genuinamente brasileiras. Como eu sou muito ligada à cultura do nosso país e adoro ser brasileira, fiquei muito feliz, gostei muito desse nome e o trouxe pra minha vida artística.
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