ENTREVISTA COM O JOGADOR DANTE
Leia trechos da entrevista com o zagueiro da seleção brasileira, Dante
TEXTO: Maitê Freitas | FOTOS: Rafael Ribeiro/CBF/Divulgação | Adaptação web: David Pereira
Ele é bonito e o seu sorriso arranca suspiros da torcida feminina, seja no Brasil ou na Alemanha. Com 1,91m, soteropolitano nascido e criado no bairro da Federação, Salvador, BA, Dante Bonfim Costa Santos conquistou a Alemanha jogando no Bayern de Munique e se prepara para estrear na copa do mundo comozagueiro da seleção brasileira. Em entrevista exclusiva, o jogador fala à Raça Brasil sobre as expectativas para defender a seleção em um mundial dentro do país. Descoberto aos 23 anos, Dante é considerado um dos melhores zagueiros da Europa.
Fora das quatro linhas o zagueiro da seleção demonstra outros talentos: além de ser músico, é escritor. Prestes a lançar sua autobiogra a na Alemanha – ainda sem previsão de lançamento no Brasil -, Dantefoge à regra e quebra o estigma de que jogadores de futebol têm pouca argumentação. Nesta conversa com a revista Raça Brasil, se posiciona sem defesa e sem ataque, mas com a descontração e o jeito de ser de todo menino baiano.
Como é defender a seleção pela primeira vez numa Copa do Mundo em seu país de origem?
É um sonho de criança que pode ser realizado. Eu acho que todos os jogadores gostariam de defender a seleção do nosso país e ter uma oportunidade como essa, de disputar uma Copa em casa, com certeza, é especial.
Como você está lidando com a expectativa de todos pelo título da Copa?
Eu acho que isso é normal, pois na seleção brasileira a expectativa é que sempre se ganhe. Todas as Copas do Mundo que o Brasil disputa, tem que entrar para ganhar. E agora, com o torneio sendo disputado em casa, essa expectativa aumenta mais ainda. Vamos precisar do apoio de todos para que possamos trazer esse título mais uma vez para o Brasil.
Como você vê as denúncias de corrupção e manifestações contra a realização da Copa do Mundo no Brasil?
Eu apoiei as manifestações na época da Copa das Confederações. Eu acho válido as pessoas reivindicarem seus direitos. Acho que nosso país precisa melhorar em várias áreas e o povo quer o melhor. Existem certas coisas no Brasil que realmente não podem estar acontecendo e temos a consciência de que queremos um país melhor não só para nós, mas para os nossos filhos. O básico, como educação, saúde e segurança é o mínimo que a população exige do governo e infelizmente está muito aquém do ideal. Gostaria de ver nosso país com melhores condições de atendimento para todos.
Você já sofreu alguma situação racista dentro ou fora de campo? Como você vê os casos de racismo nos campos brasileiros, tendo em vista que somos um país de maioria afrodescendente?
Felizmente nunca tive esse problema. Mas vi nos últimos meses que isso ainda existe no futebol e na nossa sociedade, e co muito triste que ainda aconteça nos dias de hoje. Na Alemanha, sempre fui muito bem tratado e em nenhum momento me senti constrangido ou afetado por algum episódio racista, nem dentro nem fora de campo. Mas sei que o racismo existe, o que falta mesmo é educar as pessoas, já que no final somos todos iguais, independente de religião, cor e sexo.
Um jogador-escritor… Isso quebra o estereótipo dos jogadores de futebol. Qual o papel da educação na sua vida? Você gostava de estudar? O que você costuma ler?
A educação é muito importante. Primeiramente dentro de casa e depois na escola. Sempre gostei de estudar e consegui conciliar o futebol com os estudos até que me tornei profissional. Eu gosto de ler livro de autoajuda e a Bíblia.
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