Lançamento livro MULHERES NEGRAS IMPORTAM

Livro é uma biografia contemporânea do racismo feminino. E traz retratos exclusivos de Larissa Isis, do Projeto CANSEI

A morte do americano George Floyd, em maio de 2020, é o ponto de partida do livro Mulheres Negras Importam, da jornalista Darlene Dalto, que será lançado nesta segunda-feira, 25 de Julho, Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, no site da Amazon. Ela entrevistou 12 mulheres de estados, idades e profissões diferentes, que contam, através de suas histórias de vida, como vivem, o que enfrentam diariamente o racismo estrutural que existe no país.

“Comecei a pensar sobre o que eu sabia sobre o racismo no Brasil na noite em que George Floyd morreu. O que os brancos sabem realmente sobre o racismo? Nada. Zero. Na mesma noite decidi escrever o livro. Queria entender, aprender e para isso entrevistei mulheres extraordinárias. Quis saber como vivem, o que passam, o que pensam, suas dores, seus corres, que estratégias usam para se proteger, como reagem e resistem, quais suas opiniões sobre tantas questões ligadas ao racismo. Quis entender porque Lélia Gonzalez disse que mulheres não nascem negras, se tornam negras. Digo que escrevendo, aprendi uma vida. Importante dizer que no livro o lugar de fala é delas”, explica a autora.

Darlene entrevistou mulheres de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia e Goiás: a cardiologista Cibelle Dias Magalhães, a empresária e influenciadora digital Daniele da Mata, a empresária Dinamar Makiyama, a jornalista Dulcineia Novaes, a atriz e massoterapeuta holística Geyisa Costa, a ex-jogadora da seleção brasileira de vôlei, atriz, jornalista e empresária Lica Oliveira, a doutora em matemática aplicada e pró-reitora da Universidade Federal de Jataí (GO) Luciana Aparecida Elias, a empreendedora digital Nellys Corrêa, a estudante de física Pamela Vicente de Campos, a cientista, inventora, primeira mulher negra doutora em física e primeira mulher negra professora do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) Sonia Guimarães, a psicóloga afrocentrada Tamires Nolasco e a advogada e professora de matemática Yaná da Silva Rocha.

O livro naturalmente leva a comparações inevitáveis.

“Acho impossível ler MNI e não comparar o Brasil branco e o Brasil preto. São realidades vergonhosamente desiguais. A pele negra chega antes, desqualifica, torna a pessoa suspeita. O país se esquece que foi construído com o suor e da dor dos negros, antes e depois da abolição. Penso que passou da hora de se respeitar e ter empatia por pretos e pardos, que são 55% da população brasileira, e passou da hora de os políticos pensarem objetiva e efetivamente em políticas públicas para a população negra, já que aparentemente ela jamais receberá a reparação histórica que merece”, completa.

Este não é seu primeiro livro. Ela escreveu Processo de Criação, que ganhou dois prêmios Jabuti e traz 29 entrevistas com personalidades como Tom Jobim, Hector Babenco, Arnaldo Jabor, Maria Adelaide Amaral, Paulo Autran, Caio Fenando Abreu, Bibi Ferreira, Antonio Fagundes, entre outros. A capa foi assinada por Ivald Granato. Os retratos, por Bob Wolfenson.

MNI traz fotos exclusivas das mulheres entrevistadas assinadas pela fotógrafa Larissa Isis, propositalmente uma profissional negra. Ela é autora do Projeto CANSEI, uma série de fotos com mulheres que revelam a dolorosa experiência de ser negra no Brasil.

No final, o capítulo chamado Letramento Racial lista uma longa série de indicações e referências, como se fosse uma porta de entrada quiser se aprofundar no assunto. E, com sorte, se tornar uma pessoa antirracista.

EFF – English For Free

Por causa do livro a autora criou um projeto chamado: EFF (English For Free) – Escola Gratuita de Inglês para uma Vida Melhor.

“Escrever MNI me levou a pensar que eu poderia fazer algo além do livro para população negra, em especial para os jovens. Sempre soube do tamanho das desigualdades entre brancos e negros, agora sabia das razões. Como o inglês é fundamental para o mercado de trabalho e o jovem negro não tem acesso a bons cursos, criei o projeto. Eles não pagam para aprender”, explica.

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