Lázaro Ramos é homenageado por festival em Paris

Mesmo com os obstáculos para viagens internacionais, o cinema nacional continua rodando o mundo. Uma das próximas paradas é a França, que recebe desta quinta (01) até domingo (04) a 23ª edição do Festival de Cinema Brasileiro de Paris. Após mais de um ano e meio fechado, o país caminha para reabertura de 100% das salas de cinema, o que possibilitou o retorno do evento ao seu formato presencial. 


O festival é uma realização da Jangada VoD, que, mesmo sem patrocínio, conseguiu levar a programação mais uma vez para o tradicional cinema de rua parisiense l’Arlequin. Contudo, inúmeras adaptações foram necessárias: o festival foi adiado de abril para julho e a duração foi reduzida de 8 para apenas 4 dias. “Era muito importante fazer fisicamente por várias razões, incluindo os desafios que estamos passando no Brasil com um governo que detesta cultura. Fazer o festival sem patrocínio e mostrar a continuidade do cinema nacional é uma forma de resistência”, afirma a organizadora Kátia Adler.


Sob a temática do negro no cinema brasileiro, a edição deste ano tem como grande homenageado o ator Lázaro Ramos, que apresenta seu primeio longa como diretor, Medida Provisória, ainda inédito no Brasil. Outras obras estreladas por ele também serão exibidas como o clássico Madame Satã, de Karim AÏnouz, Tudo que Aprendemos Juntos, de Sérgio Machado, e O Beijo no Asfalto, de Murilo Benício. Em entrevista exclusiva ao Viver, o ator e agora diretor Lázaro Ramos comentou sobre a honra da escolha. “Eu fiquei muito emocionado com a homenagem. Neste ano que tá tão difícil de filmar e voltar a nossa atividade, é um reconhecimento e um incentivo para todos nós continuarmos produzindo cinema de qualidade”, relata.


Após a sessão de abertura com Medida Provisória, Lázaro e Taís Araújo, protagonista do filme, participaram de um debate online com o público e mediado pelo ativista Luis Lomenha sobre a importância da comunidade negra no cinema nacional. “Ainda não está no lugar dos meus sonhos. Tem muitas histórias que merecem ser contadas e eu acho que é o tipo de cinema que pode renovar a nossa indústria”, afirmou Lázaro sobre a representação negra atual no cinema.


Ao todo são 19 longas, de clássicos a estreias, que serão apresentados para o público francês ou brasileiros residentes em Paris. Entre as ficções, serão exibidos Veneza, de Miguel Falabella, e Marighella, de Wagner Moura. Nos documentários, os destaques são Babenco, de Bárbara Paz, e Alvorada, de Anna Muylaert e Lô Politi, que encerra o festival trazendo uma nova perspectiva sobre o Impeachment de Dilma Rousseff.

Com muitos lançamentos interrompidos em solo nacional, os festivais internacionais surgem como oportunidade de atrair distribuidores. Como explica Kátia: “É uma porta de entrada para que os distribuidores possam ver os filmes e a reação do público na sala de cinema, para que se interessem em comprar e distribuir os filmes brasileiros aqui ou mundialmente”.

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