Monólogo ‘Cuidado com Neguim’ expõe visão crítica do asfalto pelo negro favelado

RIO — Trabalhando com teatro há seis anos, o ator Kelson Succi certamente já fez e viu muita coisa nos palcos — embora toda essa rodagem não tenha sido, necessariamente, garantia de orgulho pessoal. E o descontentamento não precisa ser profissional, porque a questão está muito mais ligada à cor de sua pele. Negro, ele diz que serviu muitas vezes para o elenco de apoio, e quando tinha visibilidade, era para assumir papéis que, em seu ponto de vista, reforçavam estereótipos. Cansado da “dramaturgia branca e racista”, manifestou o desejo de viver coisas novas por meio do monólogo “Cuidado com neguin”, que estreia quinta-feira, na Casa Rio, e cujo texto, direção e performance estão a cargo de Succi.

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Baseado nas andanças e experiências do ator pela cidade, o espetáculo mostra um pouco da visão crítica e artística de “Neguin”, um personagem jovem, negro, pobre e favelado que sai do morro para encarar diariamente o asfalto. Mas a identidade de “Neguin” não é única: ele é a pessoa de Kelson e a de muitos outros indivíduos que se encaixam nesse perfil e passam o dia fora de suas comunidades — no caso do ator, seu ponto de partida e chegada é o Complexo do Alemão, localizado na Zona Norte. Se arriscando como dramaturgo pela primeira vez, ele usa a peça com o objetivo de denunciar abusos e mostrar a beleza desses espaços marginalizados.

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