Profissionais negros recebem metade da remuneração paga a homens brancos na publicidade

O estudo Sustentabilidade Racial: Dados e estatísticas sobre a população negra no Brasil apresentou as diferenças na remuneração de profissionais negros e brancos no setor publicitário, apontando disparidades

A primeira edição do estudo Sustentabilidade Racial: Dados e estatísticas sobre a população negra no Brasil mostra que pessoas negras são minoria em praticamente todos os cargos do setor de publicidade. Com um recorte específico para o setor de publicidade e propaganda, a pesquisa evidência disparidades raciais como menores salários para pessoas negras e a presença de poucos negros em cargos de maior prestígio e rendimentos.

Em entrevista, o pesquisador do Núcleo de Estudos Raciais do Insper e coautor do estudo, Michael França explicou porque a pesquisa começou pela análise do setor de publicidade “Começamos por esse setor por dois motivos: o Ministério Público do Trabalho desenvolve um projeto para mudar o cenário atual, e por ser o setor é responsável pela criação e reprodução de diversos estereótipos raciais e de gênero”, explica.

Os dados foram coletados a partir das informações da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), gerenciada pelo Ministério da Economia, e mostram que a população negra compõe cerca de 15% do quadro de diretores e dos cargos estratégicos do setor.

RAIS 2017

Apesar de ser minoria em todos os cargos na publicidade brasileira, houve um aumento de cerca de 10 pontos percentuais entre colaboradores que não fazem parte da alta gestão ou de cargos estratégicos nos últimos anos. Já em cargos estratégicos e na diretoria o aumento é ainda menor, cerca de 5 pontos percentuais.

O estudo constatou também que pessoas negras que ocupam cargos de diretoria recebem, em média, 54,3% do salário de pessoas brancas ocupando o mesmo cargo. Nas posições mais baixas a diferença salarial entre negros e brancos chega até 68,7%.

De acordo com França, “Existe um desequilíbrio racial ocupacional acentuado no Brasil. Cargos de maior prestígio e rendimentos apresentam menor proporção de negros e mulheres. Nos últimos anos está ocorrendo uma melhora modesta no percentual de negros nas ocupações de maior nível hierárquico e um expressivo avanço nas ocupações de menor prestígio. Há ainda o destaque nas remunerações entre os grupos. Quando comparamos com o homem branco, o percentual da remuneração dos homens negros e das mulheres brancas e negras cai consideravelmente ao longo do tempo”, explica.

Mulheres negras mais prejudicadas

De acordo com o Núcleo de Estudos Raciais da Insper, existe uma desproporcionalidade a respeito da presença de pessoas negras ocupando cargos estratégicos ou funções de liderança com relação aos profissionais negros que ocupam cargos de apoio. Entre as mulheres negras, o estudo aponta que elas ganham 82,5% menos que homens brancos em cargos de diretoria no setor e representam apenas 5,5% das profissionais nesses cargos. Quando analisamos a remuneração média das mulheres negras no setor, as mulheres negras recebem 45% menos que os homens brancos.

Outros setores também serão mapeados pelos pesquisadores e procuram expor as disparidades raciais para contribuir com que novas políticas de inclusão e equidade sejam criadas.

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