Psicologia é coisa de preto

Carlos Machado / GyasiKweisi

Ciência do comportamento e da mente, incluindo os fenômenos conscientes e inconscientes, assim como o sentimento e o pensamento, a palavra latina psychologia foi usada pela primeira vez pelo humanista croata e latinista Marko Marulić no final do século 15 ou início do século 16.

A mais antiga referência conhecida à palavra psicologia em inglês foi de Steven Blankaart em 1694 em The Physical Dictionary, que se refere a “Anatomia, que trata do Corpo e Psicologia, que trata da Alma”. Mas antes de existir a palavra latina, o estudo da mente humana era uma preocupação negra africana. A civilização kemética tinha um entendimento avançado de psicologia em relação a outras culturas do seu tempo. A psicologia kemética era muito influenciada pela espiritualidade. Hieróglifos (originalmente Medu Neter, que significa escrita sagrada) kemétcos antigos falam do eu como tendo cinco partes: Ren, nome que uma pessoa recebe no nascimento, usado para manter uma pessoa viva após a morte; Ba, a parte do eu que mais continha as manifestações pessoais de uma pessoa, enquanto o Sheut era a sombra, que representava a parte real, mas invisível do ser; Ka, a essência da vida da pessoa e energia enquanto ele ou ela vivia. Isso também poderia ser reanimado em um espírito ou corpo após a morte chamado de Akh.

A parte mais importante da alma egípcia era o Ib ou coração metafísico, concebido como uma gota do coração da mãe para a criança durante a concepção. O Ib era o centro emocional e cognitivo de uma pessoa. Após a morte, era pesado e julgado pelo deus Anúbis o senhor da morte. Os antigos keméticos acreditavam que acabariam por se encontrar com esses deuses após a morte. Os antigos keméticos também tinham uma compreensão bastante avançada da fisiologia humana, em geral devido às dissecações que faziam parte de sua mumificação e outros rituais funerários. Enquanto o Ib, o coração, geralmente era considerado o centro emocional e cognitivo da vida devido às conexões arteriais com todas as outras partes do corpo, Kemet foi a primeira civilização a descrever o cérebro como um centro cognitivo. Chegaram a conhecer um número elevado de diagnósticos e a prescrever muitos tratamentos e alcançaram desenvolvimentos na abordagem do doente neurotraumatológico.

Praticaram a anamnese, o prognóstico e uma cirurgia metódica que raramente incluía a remota trepanação (técnica de abertura de um ou mais buracos no crânio). Sob o ponto de vista das neurociências, os keméticos
descreveram pela primeira vez o cérebro, a enxaqueca, a epilepsia, o AVC, o tétano, a paralisia de Bell (paralisia
do nervo facial) e as sequelas dos traumatismos cranianos da secção medular. Nas suas manifestações artísticas, apreciam-se doentes neurológicos e, segundo refere Heródoto, haviam médicos especializados nas “doenças da cabeça” que poderiam considerar-se precursores dos atuais neurologistas.

O mais antigo experimento psicológico registrado, relatado por volta de 429 a.C. foi em As Histórias (Parte 1, Livro 2, parágrafo 2) do historiador grego Heródoto (485-425 a.C.), considerado o primeiro livro de história do mundo. De acordo com Heródoto, o faraó kemético Psamético I (664–610 a.C.) ordenou que dois bebês fossem criados em um lugar remoto por um pastor que estava proibido de falar em sua presença. Depois de dois anos, as crianças começaram a falar. Psamético concluiu que a capacidade de fala é inata e que a linguagem natural
dos seres humanos era frígia.

O Papiro de Ebers (c. 1550 a.C.) menciona a depressão e a demência. Também em Kemet o documento mais antigo da medicina, o Papiro de Edwin Smith (c. 1700 a.C.) faz a primeira referência ao cérebro nunca antes registrado, aparecendo oito vezes no documento. O papiro descreve os sintomas, diagnósticos e prognóstico de dois pacientes com fraturas múltiplas de crânio. Reveja seus conceitos sobre o povo negro, descolonize-se!

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